Jornal O Politécnico

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O Politécnico é um jornal fundado em 1944 por Adolfo Lemes Gilioli (que foi, então, seu primeiro editor-chefe) e incorporado ao Grêmio Politécnico a partir de sua 12ª edição. É um projeto tradicional e de grande alcance aos alunos, sendo o maior e mais antigo jornal na Poli. Ao longo de seus quase 80 anos, seu perfil se mostra como um reflexo dos estudantes da Escola, devido à sua atrelação ao Grêmio. Foram realizadas centenas de edições ao longo dos anos, com diferentes nomes, formatos e conteúdos.

Atualmente, é um projeto aberto para todos os estudantes da Poli, para o qual qualquer aluno pode submeter textos. Além disso, todos podem participar da equipe editorial, responsável por discutir os textos produzidos, o formato do Jornal e o seu rumo. Dessa forma, O Politécnico é um projeto de extrema importância histórica e que, ao longo dos seus anos de existência, defendeu e garantiu a liberdade de expressão dos politécnicos e o espaço para debate, disseminação e encontro de ideias, além de promover a divulgação de projetos em engenharia.

História

Início: de ditadura a ditadura

Em 1944, por iniciativa de Adolfo Lemes Gilioli, então estudante de engenharia química, O Politécnico foi criado e registrado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão do Estado Novo de Getúlio Vargas. Na primeira edição, de novembro daquele ano,  foi detalhado como o DIP designou O Politécnico como um boletim, o que impedia que anúncios custeassem as despesas da publicação. Apesar da insistência do jornal e, posteriormente, do Grêmio, a decisão de conservar a classificação de boletim partiu do Major Dutra (Almicar Dutra de Meneses), então diretor-geral do DIP.

Capa da 1ª Edição d’O Politécnico

As razões para tal designação partem da relação que os alunos da Poli tinham com o Estado Novo. Já acontecia uma campanha do Grêmio contra a ditadura varguista e o jornal serviu para endossar essa atuação. A pressão realizada se manteve n’O Politécnico, que, em abril de 1945, defendeu a anistia aos presos políticos do regime.

Nos anos seguintes, o jornal seguiu seu padrão de manter um diretor responsável e, a partir da 12ª edição, foi integrado ao Grêmio Politécnico definitivamente. Houve, nessa época, publicações sobre a Casa do Politécnico, além de trazer à Poli a questão da presença feminina na faculdade, com um texto redigido por politécnicas anunciando a criação, ainda na década de 50, do Departamento Feminino. Nas publicações seguintes, diversos posicionamentos do Grêmio foram veiculados por meio do jornal por participações e campanhas, além de novidades, como a criação do Banco Politécnico. Entre 1962 e 1964, houve a publicação da sessão “Universidade Popular”, que propunha ligações entre os universitários e o povo.


Fase do Poli Campus: 1964-1981

Capa do “Poli Campus” em abril de 1973, feita por Guido Stolfi e carimbada pelo DOPS.

A partir de 1964, houve o início da ditadura militar no Brasil e, com isso, diversas dificuldades impostas ao Grêmio refletiram no jornal, como a mudança do local do Grêmio do Bom Retiro para a Cidade Universitária. Apesar de existirem publicações d’O Politécnico sob esse nome ainda em junho, já em abril de 1964 o jornal Poli Campus (também grafado como “Poli-Campus”) se mostrava como novo veículo oficial do Grêmio Politécnico. Essa mudança se acentuou nos anos seguintes, e durante toda a década de 70 o jornal utilizou o nome “Poli Campus”.

Durante essa fase, o jornal constantemente se posicionou contra o regime militar. Esses posicionamentos foram marcados, inclusive por capas que,  manifestando-se contra a censura ou referenciando a Declaração Universal dos Direitos Humanos, foram carimbadas pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), representando, então, o segundo embate entre o jornal e um órgão de censura estatal.

Fora tais publicações, o Poli Campus continuava trazendo textos de opiniões de alunos, posicionamentos gerais do Grêmio e notícias da Poli. Nesse período, diversas tirinhas foram publicadas no jornal, que contava com uma equipe editorial responsável por gerir as edições.

Politreco: anos 80 e 90

Em abril de 1982, surgiu o Politreco como um boletim semanal da Poli, também sendo oficial do Grêmio Politécnico. Nesse período, ocorriam publicações de todo o tipo no jornal, com a participação dos estudantes e de outras entidades estudantis da Poli, que enviavam alguns avisos, posicionamentos e mais informações por meio do Politreco.

Logo clássico do Politreco em suas primeiras edições

Trata-se de uma fase extremamente bem documentada pois, há anos, a grande maioria das mais de 250 edições feitas entre 1982 e 1995 estão digitalizadas. É uma fase de comunicação entre os alunos por intermédio do jornal, esclarecimentos das gestões do Grêmio Politécnico e os mais variados tipos de texto aparecendo. Observa-se, nesse período, muitos textos de teor cômico, tirinhas e piadas entre as publicações.

Logo usada por anos no Politreco, representando a Minerva

Além desses textos, havia uma preocupação com a política no país. Nas eleições de 1989, a coluna “Acorda, Brasil” foi adicionada, trazendo informações acerca de posicionamentos de políticos dentro da constituinte e de votos na câmara. Também foi realizada, junto à eleição da diretoria do Grêmio, uma pesquisa da intenção de votos dos politécnicos, que indicava a vitória de Mario Covas com mais de 55%. Há, principalmente, diversas mudanças de formatos e também na periodicidade da publicação, que deixou de ser quinzenal para se tornar menos frequente, a partir do início dos anos 90. O Politreco seguiu como a publicação oficial do Grêmio até o ano de 1999, quando já outras iniciativas de divulgação interna circulavam, como a revista “Metrópoli”.

O retorno do nome original

Capa da 2ª edição após a mudança de nome
Atual capa do jornal

Em 1999, o jornal como veículo oficial do Grêmio Politécnico volta a se chamar “O Politécnico”. Nessa fase, porém, ao invés de se criar uma disruptura com o periódico antigo, como houve nas demais fases, incluiu-se o Politreco como uma sessão do jornal, focada em textos humorísticos, sátiras etc. Em edições iniciais, isso é visto inclusive com O Politreco possuindo uma equipe distinta da que compunha O Politécnico. Essa tendência se mantém até os dias de hoje, com “Politreco” existindo como uma coluna no jornal. Nessa nova fase, o jornal sofreu uma grande mudança na diagramação se comparado às últimas edições do Politreco, inclusive alterando o formato e criando versões coloridas. Em 2009, o jornal foi remodelado de forma a adquirir a atual identidade visual, que sofreu poucas alterações desde então. Nesse período, apresentou-se majoritariamente com publicações de frequência bimestral, contando com um diretor do Grêmio responsável e uma equipe editorial de alunos interessados. Também nesses anos criou-se o costume de lançar as edições d’O Politécnico num evento chamado “cafezada”, com distribuição de jornais, bolachas e café no espaço do Grêmio.



O Politécnico, Poli Campus e Politreco são a mesma coisa?

Podem ser consideradas quatro fases das publicações oficiais do Grêmio: O Politécnico (1944-1964), Poli Campus (1964-1982), Politreco (1982-1999) e O Politécnico (1999-hoje). Diferem, além do nome, na contagem de anos¹ a partir da criação do jornal: nas edições, era indicado o ano a partir do qual se mudou o nome, isto é, como se fossem, de fato, publicações diferentes. Isso suscita a discussão de se podemos realmente considerar que são o mesmo jornal.

Essa discussão pode ser ainda ampliada para avaliar se o jornal O Politécnico de 1999 em diante é o mesmo das décadas de 40 e 50. De fato, quando houve a mudança de nome em 1999, aquele ano não foi considerado o ano I d’O Politécnico, pois a contagem foi mudada: considerava-se, então, a fundação do primeiro O Politécnico, nos anos 40. Pode-se interpretar, a partir disso, que foi criada uma correlação entre os dois jornais a qual ia além de uma coincidência de nome: trata-se da mesma publicação.

Além dessa ligação, a relação entre o nome “O Politécnico” e “Politreco” é imediata, uma vez que o segundo é corruptela do primeiro. A despeito dessa relação, o Politreco apresentava contagem de anos própria, e os seus editores consideravam-no uma publicação original. Já o nome “Poli Campus” é o mais destoante, remanescendo apenas o “Poli”, fora a contagem de anos independente das contagens dos demais.

No entanto, o que une todas essas publicações é o fato de serem jornais mantidos como órgãos oficiais do Grêmio Politécnico, diferentes em suas épocas. Os conteúdos, modo de ser realizado e, por vezes, até os nomes são semelhantes. Ainda que tenham suas identidades e trajetórias próprias, o fato de serem “o jornal oficial do Grêmio Politécnico” permite agrupá-los numa única história.

Estrutura

Equipe Editorial

O Politécnico é organizado por uma equipe editorial composta por um diretor do Grêmio (“diretor do jornal”), o editor-chefe, e estudantes da Escola Politécnica interessados no projeto. As reuniões são periódicas no Grêmio às 11h. A equipe é responsável por tomar as decisões de que assuntos trazer nas próximas edições, realizar projetos em conjunto, além de outras decisões relacionadas ao jornal. Fora isso, a equipe acaba sendo formada pela maior parte dos autores do jornal.

Apesar de ser o veículo oficial do Grêmio, os textos veiculados assinados (seja com pseudônimo ou também como anônimo) não necessariamente expressam a opinião dessa entidade ou, ainda, da equipe editorial, sendo apenas a visão de seu autor. Há, além disso, o compromisso de veicular todos os textos de alunos (que podem ser enviados pelo site na aba Contato), após análise da equipe.

Visual do Instagram do jornal

Colunas

O jornal divide os textos publicados em colunas, de modo a organizar as edições e a permitir que diferentes assuntos sejam contemplados. As principais colunas são, em ordem lexicográfica: “A Politécnica”, “Acadêmico”, “Arte e Cultura”, “Engenheirando”, “Esporte”, “ETC”, “Extensão”, “Fala, professor”, “Poli”, “Política”, “Politreco” e “USP”.

Logística das publicações

Durante boa parte da década de 2010, as publicações foram feitas bimestralmente, com edições impressas e, posteriormente, disponibilizadas em arquivos para leitura online. As edições possuíam uma data final para entrega dos textos e, após isso, eram diagramadas, impressas e distribuídas gratuitamente na Poli. Houve uma mudança em 2019, quando foi criada uma página no Facebook para O Politécnico, porém não houve edições impressas ou online. Embora não tenha ocorrido o jornal nesse ano, a criação de uma página foi importante em 2020 quando, durante a pandemia de COVID-19, foi necessário adaptar O Politécnico para publicações online, um processo que durou poucas semanas. Diante dessa mudança, também foi criado um site para que as publicações ficassem mais bem armazenadas. A decisão foi de, quando conveniente, diagramar os textos publicados online no formato da edição física para que a produção não se perdesse. Em 2021, também foi criado um Instagram para O Politécnico, que permitiu que as publicações tivessem maior alcance e consagrou a versão online do jornal.

Notas

  1. A questão da contagem de anos n’O Politécnico é complexa. Considerando o ano de 1944 (fundação d’O Politécnico) como ano 1 (I), conforme fez o fundador, existirão diversas inconsistências na contagem ao longo dos anos. Em uma capa de 1946, o que deveria ser o ano 3 (III), é indicado ano 2 (II), um erro que permanece, pelo menos, até 1948. Em 1999, quando se retoma o nome “O Politécnico”, é indicado o ano 55 (LV), enquanto deveria ser ano 56 (LVI), um erro que continua até 2008 (“ano LXIV”). Em 2009, por julgar que não havia ocorrido O Politécnico no ano anterior, a equipe decidiu excluir aquele ano da contagem e 2009 foi, novamente, o ano LXIV (agora, uma contagem errada por 2 anos). Esse erro se manteve até 2018. Em 2019 não houve edições. Em 2020, o ano, por uma confusão do editor-chefe, apareceu como MMXX (literalmente o ano da publicação no calendário). Nesse mesmo ano, as inconsistências foram notadas e, após julgar que o mais adequado seria manter 1944 como ano 1, 2020 foi o ano 77 (LXXVII), corrigindo a contagem. O erro inicial se deu, tanto em 1946 quanto em 1999, provavelmente por considerar que o ano seria a subtração do ano em que estavam pelo ano de fundação do jornal. Nesse método, é como se 1944 fosse o “ano zero”, algo não usado na maioria dos calendários. Já no Politreco, em 1993 (ano 12 daquele jornal), na edição 224, aparece como ano XXII (22), algo que é corrigido nas próximas edições. É garantido que a contagem permaneceu adequada até 1995, porém, entre esse ano e 1997, eventualmente há algum erro de contagem crasso que faz com que as edições de 1997 (ano 16), sejam apresentadas como ano 9. Esse erro foi corrigido na edição 264, em 1998.

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