Projeto Jupiter
Somos um grupo de extensão de foguetemodelismo, formado por estudantes da Universidade de São Paulo (USP) e trabalhamos em busca de contribuir para a difusão e o desenvolvimento da ciência aeroespacial no Brasil. Para atingirmos esse objetivo, estudamos, aprendemos, projetamos e construímos foguetes para participar de competições de lançamentos nacionais e internacionais.
O Projeto recebe membros duas vezes ao ano, fazendo um processo seletivo no primeiro semestre e outro no segundo semestre. Para fazer parte da equipe você não necessita nenhum conhecimento prévio, uma vez que todas as habilidades técnicas são ensinadas de membro para membro. Sendo assim, para fazer parte do Jupiter é preciso que você tenha espírito de equipe, além de vontade de aprender e de ajudar!
História
A história do Projeto Jupiter começa no primeiro semestre de 2015 com um grupo de alunos membros da PET Mecânica, grupo de extensão da Poli-USP com o objetivo de desenvolver o ensino, pesquisa e extensão da engenharia na Escola. Os membros costumavam fazer alguns projetos pequenos e buscavam um desafio maior, neste contexto o então aluno Lucas Giestas ouve falar da IREC (Intercollegiate Rocket Engineering Competition) e conversa com alguns de seus colegas da PET sobre a possibilidade de participar da competição, até hoje a maior do mundo ao nível universitário.
Utilizando uma parte da verba destinada a PET mecânica, oriunda do governo federal, esse pequeno grupo começou a desenvolver o primeiro foguete de nossa história com o objetivo de competir na IREC 2015. Durante toda a preparação os participantes da equipe foram testando e construindo o foguete como sabiam e podiam, eram todos iniciantes ali, muitos alunos do segundo e terceiro ano de graduação movidos pela curiosidade e interesse nessa nova frente da extensão universitária no Brasil.
Aproximando-se um mês da viagem, a equipe encontra seu primeiro grande dilema: a competição iria ocorrer entre os dias 24 e 27 de junho, data de extrema importância no calendário politécnico, pois era a semana de provas que fechavam o semestre e imediatamente antes da semana de provas substitutivas. Dessa forma, muitos dos membros estavam preocupados com suas graduações e não tinham muita certeza se valia a pena correr o risco de ir à viagem e prejudicar as notas.
A discussão era pautada no sentido de que talvez fosse melhor esperar um ano, possuir uma equipe mais preparada e um foguete mais competitivo, o contraponto ficava no fato de que a espera não seria de fato ganhar um ano, mas sim perder uma oportunidade de se experimentar a vivência da competição e testar o foguete que apesar de simples era fruto de muito trabalho. A discussão ganhou um novo peso quando o então orientador da equipe, professor Edilson Hiroshi Tamai, se disponibilizou para ir à viagem e auxiliar os alunos. Por fim, apenas quatro pessoas foram na primeira IREC do Jupiter o professor Hiroshi e os alunos: Rodrigo Gatti, Lucas Giestas e Gustavo Calviño. Para bancar os custos da viagem, os membros entraram em contato com a diretoria da Escola Politécnica, além do fundo patrimonial Amigos da Poli (primeiro aporte daqueles que viriam a se tornar nossos maiores patrocinadores).
Chega então o tão esperado momento da viagem, o professor e os nossos três membros vão aos Estados Unidos para competir com o nosso primeiro foguete. Eram mais de 500 alunos pertencentes a 46 universidades, 7 países e 6 continentes, do Brasil participava até então apenas a equipe do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), que já estava em seu quarto ano de existência. Ao fim da participação nossa equipe concluiu que foi uma vivência de aprendizados, a experiência e consciência adquiridos ao longo da viagem foram essenciais para os próximos passos.
Nossos membros voltam ao Brasil com ideias importantes na cabeça, todos os membros da época se reúnem e discutem a necessidade de elevar o projeto de patamar para que seja possível que ele tenha continuidade. É decidido que os membros devem se dividir em grupos (embrião das áreas atuais do projeto) e trabalhar para tornar o Projeto Jupiter um grupo de extensão.
Em 2016 com o projeto oficializado, é realizado o primeiro processo seletivo da história da equipe, o grupo até então com poucos alunos e todos pertencentes a engenharia mecânica recebe aplicações de mais de 70 alunos de várias engenharias e inclusive membros pertencentes a outras unidades da USP. O aumento e a diversificação de participantes permitiu o Projeto Jupiter continuar ainda mais forte.
Atualmente, a equipe já participou mais vezes da IREC, conquistando resultados melhores que na primeira tentativa (checar sessão Competições). Além disso, o Jupiter começou a participar de outra competição a LASC (Latin American Space Challenge), da qual se sagrou campeã pela primeira vez em setembro de 2020.
Competições
Para saber mais sobre as três competições que já participamos, confira nossa postagem sobre o assunto no Medium.
Competição | Foguete lançado | Premiação |
---|---|---|
IREC 2015 | Jupiter I | |
IREC 2016 | Nabo I | 24° lugar na categoria de motor sólido 3 km |
SA Cup 2017 | Imperius* | 4° lugar na categoria de motor sólido 3 km |
COBRUF 2017 | Imperius | 1° lugar geral |
SA Cup 2019 | Callisto | 11° lugar na categoria de motor sólido 3 km |
70° lugar geral | ||
LASC 2019 | Valetudo | 2° lugar geral |
2° lugar na categoria de motor sólido 1 km | ||
Prêmio de conduta do time | ||
LASC 2020 | Europa (online) | 1° lugar geral |
1° lugar na categoria de motor híbrido 3 km | ||
Prêmio de excelência técnica pelo Podium Session “Design, Testing, and Analysis of a Recovery System” | ||
SA Cup 2021 | Europa (online) | Top 10 Payloads da competição com o projeto de controle de um pêndulo invertido embarcado |
6° lugar na categoria de motor híbrido 3 km | ||
47° lugar geral |
*O foguete Imperius não foi lançado na IREC 2017 por conta de uma tempestade de areia.
Lançamentos
O Jupiter participa em competições de foguetemodelismo e, além disso, também faz lançamentos próprios na Universidade de São Paulo - Campus Pirassununga, a fim de testar todos os sistemas em voo. Iniciado em 2015, o Projeto Jupiter tem 9 foguetes no total, sendo 6 competitivos e 3 de teste. Em ordem cronológica, são eles:
Jupiter I
Lançado na SA Cup 2015, para apogeu de 3 km, foi a primeira participação do Jupiter na competição. O projeto tinha motor sólido comercial de classe K, fuselagem em alumínio, paraquedas Stabilizer e Main e sistema de ejeção pirotécnico, funcionando como um pistão. Além disso, o sistema eletrônico utilizava o barômetro BMP180 e um Arduino Uno para detectar os momentos ideais para ejetar os paraquedas.
Nabo I
Lançado na SA Cup 2016, conquistou 24° lugar em sua categoria. Para apogeu de 3 km, o projeto contava com um motor sólido classe L, dois paraquedas, sistema de ejeção por porta lateral e servomotor, quatro aletas e fuselagem externa de fibra de vidro. A ejeção era acionada por dois sistemas redundantes e totalmente independentes: um Arduino Nano com BMP180 e um StratoLogger CF.
Imperius
Na SA Cup 2017, para apogeu de 3 km, conquistou o 4° lugar de sua categoria, mesmo sem lançamento devido à tempestade de areia. No mesmo ano, em parceria com a Equipe Minerva Rockets da UFRJ, foi lançado na COBRUF, classificando nossa equipe como campeã geral. Seu motor era sólido de classe M, paraquedas Drogue e Main e sistema de ejeção por mola acionado a partir de dois circuitos eletrônicos redundantes, cujo processamento de dados era feito por um filtro passa baixas.
Euporia I
Minifoguete que representa o primeiro lançamento próprio organizado unicamente pelos membros do Projeto. Lançado em 2018, Euporia tinha apogeu de 2 km, motor sólido classe J, sistema de ejeção pirotécnico acionado por um circuito eletrônico composto por um barômetro BMP180 e um Arduino Nano, um paraquedas de estágio único, fuselagem e conexões entre módulos de PVC e CPVC, ogiva impressa em PLA e aletas em acrílico.
Caldene
Em 2019, foi o segundo lançamento próprio da equipe. O Caldene foi um minifoguete para apogeu de 1 km, com motor sólido classe K, sistema de ejeção de gás carbônico acionado por um circuito eletrônico próprio composto por um barômetro BMP280 e uma placa Nucleo-F411RE, um paraquedas de estágio único, fuselagem de fibra de carbono, aletas em fibra de carbono e ogiva impressa em PLA.
Callisto
Lançado na SA Cup de 2019, o foguete tinha apogeu de 3 km, motor sólido classe M, paraquedas Drogue e Main, sistema de ejeção de gás carbônico acionado por um circuito eletrônico redundante, que possui comunicação via wireless com o sistema de telemetria do payload. No lançamento, o paraquedas Drogue foi ejetado pela primeira vez e a equipe conseguiu recuperar o foguete, além de ficar em 11° lugar de sua categoria.
Valetudo
Para apogeu de 1 km, foi lançado na primeira edição da LASC, em 2019, no interior de São Paulo. O projeto tinha motor sólido classe K, fuselagem em fibra de vidro, ogiva impressa em PLA, aletas em fibra de carbono, paraquedas Drogue e Main e sistema de ejeção pirotécnico acionado por um circuito eletrônico redundante, o qual possui comunicação serial por fios com o sistema de telemetria do Payload. Com ejeção de Drogue bem sucedida, o foguete foi recuperado e a equipe conquistou 2° lugar geral e na categoria em que concorria.
Temisto
Foguete de lançamento próprio em fevereiro de 2020, foi projetado para apogeu de 1 km. Temisto conta com um motor sólido classe K, um paraquedas Reefed, sistema de ejeção pirotécnico acionado por um circuito eletrônico com base no altímetro RRC3, ogiva de impressão 3D, fuselagem e aletas em fibra de carbono. Para o Projeto, significou o primeiro teste em voo de um sistema Reefing, além de ter sido recuperado.
Europa
Ainda não lançado, o Europa foi um foguete competitivo para a LASC Online 2020. O projeto, para apogeu de 3 km, é composto por um motor híbrido classe M, módulo da Carga Experimental (linkar) em fibra de vidro, outros módulos e ogiva em fibra de carbono, aletas em aerofólio, paraquedas Reefed e sistema de ejeção de gás carbônico. Além disso, possui dois circuitos eletrônicos redundantes: um que aciona a ejeção e envia dados para o sistema de telemetria da carga experimental, através de uma comunicação serial por fios, e outro que aciona o disreefing do paraquedas principal. Com ele, a equipe alcançou 1° lugar geral e em sua categoria. Além disso, foi premiada por Excelência Técnica, pela apresentação no Podium Session. A equipe ainda participou com ele na SA Cup 2021, conquistando o top 10 de melhores payloads da competição, colocação escolhida por especialistas da NASA.